sábado, 29 de outubro de 2011

Ouvir é uma virtude



É quase uma equação matemática: temos dois ouvidos e uma boca. Logo, devemos falar menos e ouvir mais. Isso ninguém discute, mas poucos praticam. Brasileiro, de maneira geral, não combina com o adjetivo SILENCIOSO. Para nós, a matéria do silêncio não é uma das mais dominadas nas cadeiras da universidade da vida. Gostamos de um agito, de altas gargalhadas, de uma roda de samba, sem contar com o alvoroço da criançada nos shoppings da vida, nos fins de semana... affff ! Não, brasileiros, definitivamente não somos tímidos! Eu, muito menos!
Porém, em nome de certos amigos de bem que eu tenho (e eu sei que você também têm), defendo as vezes daqueles mais reservados. Pessoas boas, mas com aqueles "não-me-toques" característicos, com pieguices estranhas, mas de boa-fé, sem dúvida, também merecem, quem diria, um lugar ao sol.
Isso porque todas as pessoas, tímidas ou atiradas, altas ou magras, tatuadas ou caretas, sem exceção, querem é ser ouvidas.
Observo muito isso quando estou no trânsito ou na fila de um banco. Sempre tem alguém que joga uma conversa fora, que reclama do clima - especialmente os fluminenses e cariocas em geral -, falam da greve ou do desemprego... É assunto que não acaba mais entre, nada mais, nada menos que duas pessoas estranhas. Ouvi dizer que em Nova Iorque nem bom  dia se dá para um estranho... E eu, que já pensei em morar lá, acabei por desistir! (risos!). Depois disso, o máximo que pode acontecer é você descobrir que o estranho é um conhecido da sua família e que te viu criança! Ninguém merece! rsssss
Mas a coisa mais estranha e comum ao mesmo tempo é perceber que não ouvimos quem está em nossa própria casa. Sim, seus pais; sim, seu marido; sim, seu filho. É a "doença da pressa", comprovada cientificamente; uma maneira simples e sutil de se dizer que só pensamos em nós mesmos e queremos tudo para ontem, se possível. E daí? Seu filho cresceu mais do que a cama e você não viu! Engraçado? Não! Ouvi isso de um ex-chefe meu. Ele simplesmente não observou que a cama do filho já estava pequena pra ele.
Tudo isso pode significar um paradoxo: ouvir é exercitar a linguagem do amor. Deixamos de amar mais por não ouvirmos uns aos outros. Por isso, quero decretar o Dia Nacional da Paciência, porque sem ela nos tornaremos surdos incapazes de amar.

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